Lord of the Rings Gollum: Não Gaste seu Precioso Dinheiro Aqui

Já fazem alguns bons anos desde que li a trilogia “O Senhor Dos Anéis” e o fino “O Hobbit”. Também já faz anos desde que vi pela última vez a trilogia dirigida por Peter Jackson de “O Senhor Dos Anéis” e o excessivamente longo “O Hobbit”. Também, posso consultar a minha conta da Steam para ter mais precisão desses dados, desde 2018 que não jogo nenhum game da franquia Middle-Earth.

Para falar a verdade, meu último contato com a saga foi a cobertura da visita dos atores da série Anéis do Poder da Prime Vídeo que aconteceu na CCXP 2022. Mas, assim como muitos de nós, os filmes, livros, games e séries marcaram a vida de muitos de nós com a riqueza de detalhes e profundidade do universo de J.R.R.Tolkein (site da Tolkein Talk). E, infelizmente, a mais nova visita a esse mundo, Lord of the Rings Gollum, não compartilha dessa magia.

Mas, qual o problema com a aventura do pobre e amaldiçoado hobbit Smeagol que chegou ao PC e Consoles pelas mãos da Daedalic Entertainment (site oficial) e Onacon? Vamos falar do game e, se você ficar com dúvidas, é só deixar nos comentários.

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Este review foi feito graças uma chave de jogo para PC generosamente dada para nós pela Daedelic Enterteniment. Muito obrigado!

Especificações Técnicas

Em relação as especificações, era de se imaginar que um game como esse fosse pouco exigente, mas, na verdade, ele não é. Se você quiser (e conseguir) jogar em 4K com Ray Tracing ligado você precisa ter uma RTX 4080 e se quiser jogar com qualquer coisa acima de 1080p será necessário ter a tecnologia DLSS para isso. Veja as Especificações:

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Uma História não Contada

O game começa com a perspectiva de Gollum, falando algo sobre as flores que viu, olhando para ossos e espinhas de peixe, balbuciando palavras desconexas típicas do personagem. Se você o conhece, sabe que Gollum fala constantemente consigo mesmo. O personagem tem duas personalidades distintas: o cruel Gollum e o assustado Smeagol. Quando a cena corta, estamos em uma espécie de prisão élfica.

Duas figuras de aproximam conversando, o mago cinzento Gandalf e um outro identificado como “rei elfo”, mas não fica claro de quem se trata. Pode ser Elrond ou Thranduil, mas não é dito. Galdanf entra na cela e usa a luz de seu cajado para torturar Gollum e extrair informações dele para descobrir o que foi dito para os orcs.

A gameplay começa com uma exploração de cavernas escuras para voltar a um lugar seguro. Gollum é capaz de andar, correr, escalar, pular, se esgueirar e se esconder em gramas altas. Você explora um caminho linear do tipo corredor e chega até seu “porto seguro”, mas tem que seguir um corvo que você acredita ser um espião.

Na busca pelo corvo, você é visto por orcs e precisa dar um jeito de se livrar deles, antes que eles reportem aos outros sobre a sua presença. Aqui aprendemos a usar as pedras para distrair inimigos ou interagir com objetos ao seu redor. Também aprendemos que Gollum pode estrangular inimigos distraídos e matá-los. Temos um rápido vislumbre da aranha Laracna nesse momento e então, com os “espiões” eliminados, seguimos buscando um local seguro para se esconder.

Em um determinado momento nos deparamos com um inseto que Gollum também acha que é algum tipo de espião e decidimos se vamos eliminá-lo ou não através de um momento de escolha múltipla: Deixar que a personalidade Gollum ou a personalidade Smeagol dominar através de argumentação. Até onde eu pude ver, não sei como essas escolhas afetarão a progressão do game ou o final do jogo.

Então, de repente, surge um dos Espectros do Anel montado em um Nasgul e temos que correr para o interior das cavernas. Aqui o tutorial nos apresentará o modo de cura, comendo coisas a sua disposição para recuperar energia e um tipo de “sensor gollum”, que permite ver coisas que você pode interagir e também dá uma ideia de qual caminho seguir.

Corremos por uma rede de túneis, mas, sinceramente, não perca seu tempo com isso. É uma parte inevitável do game ser capturado pelos Espectros. Gandalf pergunta o que Gollum falou e, apesar dele jurar que não disse nada, a cena de tortura mostra que ele contou aos Espectros que o anel está nas mãos de um tal Bolseiro no Condado. A cena volta para a Montanha Negra onde Gollum é levado para um poço de escravos e terá de trabalhar. Então, completamos o começo do game.

A História que Ninguém Perguntou

Vamos ser sinceros aqui: Com tantos heróis, deuses, reis e criaturas imortais que existem no universo de O Senhor dos Anéis, o Sillmarilion, Contos Inacabados e outros livros escritos por Tolkein, havia alguém que realmente queria rever a mesma história já contada em mais de 9 horas de filmes pela perspectiva do Gollum?

De acordo com a Daedelic Enterteniment:

“Escolhemos Gollum porque ele é um dos personagens mais fascinantes da obra do professor Tolkien. Um Hobbit distorcido com duas personalidades com centenas de anos; e com um rico conhecimento Terra-Média.

Apesar de sua aparência, ele também é uma criatura ágil que pode escalar, pular e agarrar seu caminho, passando por perigos ou em locais vantajosos. Isso cria uma aventura épica por emocionantes partes nunca vistas da Terra-média que levam o jogador a escolhas morais interessantes e jogabilidade variada, alternando plataforma e furtividade.”

Então, desta citação, podemos pegar dois pontos para discutir: A aparência de Gollum e a furtividade.

Começando pela questão da aparência dos personagens (sem contar o downgrade, falamos sobre isso mais para frente), não espere ver aqui os icônicos personagens de LoTR com a aparência que você conhece. Não há sir Ian MacKellen (Senhor dos Anéis, Hobbit e X-Men), Hugo Weaving (Capitão América: O Primeiro Vingador, Matrix e V de Vingança) ou outros personagens dos filmes no jogo. Aqui temos versões genéricas deles. Não sei se eles foram retratados conforme escritos nos livros (lembra? Li faz tempo), mas nenhum deles se parece com o que vemos nos filmes.

Exceto o Gollum!

Este Gollum do jogo é uma versão bem parecida com a apresentada nos filmes e que foi interpretada por captura de movimentos por Andy Sarkins (Planeta dos Macacos, Pantera Negra e The Batman). E, assim como os outros personagens, Gollum já teve várias “aparências” aos logo das adaptações feitas de Senhor dos Anéis antes de 2001, mas, o estúdio do game optou por algo próximo ao filme.

É claro que dá para imaginar que, sendo Gollum um coadjuvante do filme (embora seja um coadjuvante muito relevante), ficaria difícil para que os fãs se apegassem ao game com um Gollum muito diferente daquele que eles já conhecem e gostam. Imagine o game com um Gollum com a aparência do filme feito na União Soviética em 1991? Não acho que seria muito bem recebido.

Jogabilidade

Agora, em relação a furtividade, bom, esse é definitivamente um game furtivo, para aqueles que gostam de jogar furtivamente e são bons nisso. Porque, se você não for bem na furtividade, então, você não irá muito longe! O game não te dá segundas chances! Um erro é game over e volte ao ponto de salvamento, sem chances de errar.

Foi visto por um orc? Você fica travado e ele te pega. Errou um pulo? Vai perder 90% da energia, no mínimo. Isso se não morrer de vez! Não há margem para errar aqui.

De resto, o game lembra muito outro jogo furtivo: Assassin’s Creed. Gollum praticamente gabarita a prova para entrar na guilda dos Assassinos com seus movimentos. É praticamente a mesma jogabilidade. Andar, correr, pular e etc, são padrões, mas você também pode escalar de forma similar a um assassino, se pendurar em beiradas e se esconder em arbustos, exatamente como o game da Ubisoft faz.

Também há outra semelhança que podemos apontar com Jedi Fallen Order. Correr em paredes, correr em paredes laterais, tudo é muito familiar. Se você é bom nesses jogos e tem uma familiaridade com esse tipo de ações, então, Gollum será um passeio no parquinho para você. Essas semelhanças me fazem pensar de como os jogos de Senhor dos Anéis atuais parecem beber nessas fontes conhecidas do público.

Se vocês se recordam, havia uma disputa entre os programadores de Assassin’s Creed e os de Shadow of Mordor por uso dos códigos do jogo. Não sei qual foi o desfecho dessa disputa, mas se eu ganhasse uma moeda para cada vez que um jogo de LoTR se parece com um jogo de AC eu teria duas moedas! Não é muito, mas é estranho que isso aconteça duas vezes.

De resto, os controles são OK, mas há uma atenção necessária para com os “saltos longos”. Esse é um movimento que você tem que correr e pular para chegar ao outro lado de um penhasco. Nesses momentos, não espere que Gollum chegue bem pertinho da beirada para pular pois você vai morrer. Quando você está para chegar, dá a impressão de que ele “desliza” e você vai parar no fundo do penhasco antes de ter tempo de apertar o botão.

Outro ponto de atenção é a descida de beiradas, pois, às vezes, o botão de ação não aparece quando você chega perto da beirada e você tem que ficar “sambando” ali até que ele apareça. Mas, nessa situação, é muito fácil simplesmente cair de uma beirada e morrer, ou ficar muito perto disso se houver um fundo para você cair. Novamente, há um problema com a aderência do personagem ao solo.

Bugisis, Precioso. Muitos Bugisis

Antes de prosseguirmos, precisamos abordar o elefante (ou Mûmakil, se preferir) na sala: No estado em que estava no momento da revisão, Lord of the Rings Gollum não estava pronto para ser jogado.

Em minhas aproximadamente horas de jogo no modo “Baixo” em um PC, o jogo travou várias e várias vezes. A ponto de eu não conseguir passar das introduções em vídeo! Para jogar, eu precisava pular as cutscenes, oque me fez perder muito da história e nem saber o que fazer em alguns casos, pois eu tinha que pular a cena que me explicaria meu objetivo para não ter que enfrentar outro travamento.

Em vários outros casos, bugs que quebram o jogo – como um companheiro que eu fui encarregado de proteger morrendo instantaneamente repetidamente sem motivo discernível – me forçaram a reiniciar níveis inteiros, perdendo um progresso significativo. Finalmente, durante um quebra-cabeça especialmente tedioso e demorado, as falhas tornaram-se muito frequentes para possivelmente chegar ao próximo ponto de salvamento automático a tempo.

Depois de sofrer e iniciar um novo jogo, substituindo os dados do meu jogo original, tentei desativar uma configuração que havia esquecido anteriormente: “Simulação de cabelo de Gollum”. Fazer isso diminuiu significativamente o número de travamentos, embora não parecesse ter muito efeito sobre outros bugs importantes.

Tudo o que essa configuração parece fazer é fazer o cabelo de Gollum parecer um pouco mais oleoso e fluido, o que – se você me perguntar – não parece exatamente valer a reinicialização quase constante. Como tal, eu recomendo certificar-se de que esta configuração esteja desativada, se você decidir se colocar neste jogo.

Com esse nível de problemas, a Daedelic lançou um pedido de desculpas e um patch de correção do dia 1. O pedido de desculpas está aí, mas o patch, por algum motivo, até o momento, eu não recebi! Você recebeu o patch? Deixa nos comentários.

“Caros jogadores,

Gostaríamos de nos desculpar sinceramente pela experiência nada assombrosa que muitos de vocês tiveram com Lord of the Rings Gollum™ após seu lançamento. Reconhecemos e lamentamos profundamente que o jogo não atendeu às expectativas que definimos para nós mesmos ou para nossa comunidade dedicada. Por favor, aceite nossas sinceras desculpas por qualquer desapontamento que isso possa ter causado.

Nosso objetivo como estúdio e como fãs apaixonados de O Senhor dos Anéis sempre foi contar uma aventura envolvente e imersiva baseada em uma história. Elaborar uma história com a Terra-média como nosso playground foi a maior honra – e o maior desafio que enfrentamos até agora.

Na Daedalic, entendemos que o sucesso de um jogo depende do prazer e da satisfação de seus jogadores. Valorizamos genuinamente seu feedback e ouvimos ativamente suas vozes, lemos seus comentários e analisamos as críticas e sugestões construtivas que você forneceu.

Nossa equipe de desenvolvimento tem trabalhado diligentemente para resolver os bugs e problemas técnicos que muitos de vocês experimentaram. Estamos empenhados em fornecer a você patches que permitirão que você aproveite o jogo em todo o seu potencial.

Mais uma vez, pedimos desculpas por qualquer inconveniente causado e agradecemos sua compreensão durante este período. Continuaremos a mantê-lo atualizado sobre nosso progresso e forneceremos uma comunicação transparente sobre os próximos patches e melhorias. Sua paixão e dedicação como jogadores têm sido a força motriz por trás de nossa determinação em fazer as coisas certas.

Obrigado pelo seu apoio.”

Mesmo nos raros casos em que o jogo flui sem problemas, os gráficos em Lord of the Rings Gollum são notavelmente não refinados o bastante para um lançamento em 2023. Houve um downgrade dos gráficos quando comparado aos trailers iniciais e o design da arte ambiental pode ser atraente à distância.

Especialmente na infernal fortaleza subterrânea de Barad-dûr, onde você passa a maior parte da primeira metade do jogo como prisioneiro-escravo.

Mas de perto, as vinhas, faces rochosas e poços de fogo que compõem o mundo ao seu redor são em sua maioria planos, sem detalhes e, às vezes, apenas embaçados.

As bolhas debaixo d’água só entram em cena quando você fica parado e aparecem como círculos imóveis desenhados à mão. Algumas das artes rupestres inspecionadas na toca de Gollum no início do jogo parecem ter sido literalmente desenhadas no Microsoft Paint. Os NPCs parecem mais parecidos com os personagens que você esperaria ver em Lord of the Rings: War in the North de 2011 do que um jogo da geração atual (se você é fã dos belos e esguios elfos, bom… más notícias pra você).

Agora, a conquista técnica não é o único fator determinante quando se trata de diversão. Existem muitos exemplos de jogos que estavam repletos de problemas após o lançamento, mas, levados pela força de sua jogabilidade, ainda conseguiram ser uma experiência geral agradável. Infelizmente, Lord of the Rings Gollum não é um exemplo desse tipo de jogo.

Design de Missões e Repetição

Seu problema de jogabilidade mais flagrante é o design da missão. Sem alguns objetivos um pouco mais profundos em grandes momentos da história, a maioria de suas tarefas equivale a alguma versão de “Siga a pessoa!” “Pegue a coisa!” ou, em um caso, literalmente “Fique na fila!” Seria uma coisa se essas missões ocorressem em um grande ambiente de mundo aberto, mas, em vez disso, a maioria delas na primeira metade do jogo se passa nos limites apertados de Barad-dûr, onde você são forçados a revisitar repetidamente muitos dos mesmos locais para progredir na história.

O jogo é totalmente linear, então o caminho para o próximo checkpoint sempre parece sobre trilhos, não deixando espaço real para exploração ou pensamento inovador. A natureza padronizada das missões também não é compensada por um sistema de travessia particularmente divertido ou inventivo.

Ir do ponto A ao ponto B quase sempre envolve a utilização do mesmo pequeno conjunto de ações – ou seja, escalar um caminho predefinido em uma parede, deslizar ao longo de saliências e pular de um lado ao outro de um penhasco. Parece que eles escolheram algumas das mecânicas de escalada mais básicas dos jogos que as popularizaram, mas falharam em contextualizá-las com a variedade ou liberdade necessária para tornar a experiência gratificante

Não há novas habilidades ou atualizações para desbloquear no jogo. Embora seja uma ideia potencialmente interessante refletir a natureza fraca de Gollum nas estatísticas de base humildes do personagem, acaba sendo mais um aborrecimento do que um dispositivo de narrativa significativo. Você não vai evoluir, ficar mais forte, resistente ou ágil. Então, acaba sendo algumas horas de ‘mais do mesmo”.

As músicas do jogo são boas, mas longe de temas épicos e inesquecíveis, como o tema da Sociedade do Anel, o tema do Condado ou a The Uruk-hai e as dublagens são “ok”, embora alguns dos dubladores se esforcem para parecer familiares, o Gollum que conhecemos com a voz de Andy Sarkins não está presente e o dublador do personagem não está tentando imitá-lo. Então, como disse acima, não é um jogo que busca se apoiar nos longas de Peter Jackson, embora queira que você se sinta familiar a ele.

Afinal, é Bom ou Não É?

Eu sempre tento ser muito positivo em relação aos games que avalio e tento manter essa positividade na hora de escrever os reviews, mas, infelizmente, Lord of the Rings Gollum conseguiu acabar com a minha positividade devido aos problemas do jogo. Se eu tivesse alguns bugs ocasionais, como acontece com alguns outros games, eu nem mencionaria eles.

Mas, acontece que aqui temos uma trinca de problemas que não dá para deixar passar:

Em primeiro lugar, o jogo não me permitia passar nem das cutscenes! Era frustrante não conseguir nem começar a jogar e ter que pular toda a história, aspecto que eu valorizo muito nos games, só para conseguir jogar e avaliar o game.

Segundo, o jogo não é bom. Visualmente não é legal. Além de não ser tão legal, para que eu pudesse jogar, eu tinha que manter os gráficos no baixo e, mesmo assim, tinha problemas. E, além do visual, o jogo não é divertido. Problemas com a jogabilidade tiram a diversão dele, tornando ainda mais complicado avançar em uma história que nem posso ver.

Terceiro, e não menos importante, o jogo é caro! Cerca de R$ 150,00 para um game cheio de problemas técnicos, bugs e crashs. Isso é imperdoável e, o pior, parece ser cada vez mais tendência lançar jogos inacabados, caros e ir corrigindo com o tempo. Não dá para dar uma boa nota nisso, sendo que o game além de mal acabado ainda está muito caro.

O game tem muitos problemas com seus gráficos e suas cutscenes, a ponto da própria desenvolvedora aconselhar você a desligar efeitos do jogo, então, se você ainda quiser tentar jogar com os gráficos na qualidade Alta ou Épica, vai ter que colocar toda a potência do seu PC para funcionar. E, na minha opinião, não é algo que vale a pena.

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FAQ Rápido de Lord of the Rings Gollum

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